sexta-feira, 24 de março de 2017

Disfunção Miccional

Disfunção miccional é toda alteração na capacidade coordenada do armazenamento e eliminação da urina, sem alteração neurológica ou anatômica que justifica esse transtorno. É também conhecida como disfunção do trato urinário inferior (DTUI). É uma condição comum, porém subdiagnosticada. Além de poder levar a problemas do trato urinário superior, com risco de perda de função renal, ela também está associada a dificuldades emocionais na criança e na família, com comprometimento de sua autoestima e no seu relacionamento com familiares e com os colegas.
É importante salientar que as alterações serão consideradas em relação à faixa etária e as aquisições de continência relacionadas a cada idade. Para ler um pouco sobre desfralde leia aqui é sobre o controle miccional aqui.
As disfunções miccionais podem se relacionar com as duas fases da micção (armazenamento e eliminação da urina), estar relacionadas a apenas uma fase ou estar relacionada também a constipação intestinal. Quando a alteração do controle do xixi está associada a alterações nas evacuações fica caracterizada a síndrome das eliminações.. O trato urinário e o trato intestinal apresentam a mesma origem embriologia, ou seja derivam da mesma linhagem celular no embrião, tem a mesma inervação, além de estarem anatomicamente interconectadas. Portanto, qualquer alteração nessa região pode levar a um mau funcionamento de ambos. 
Para que possamos armazenar o xixi e depois eliminá-lo de forma correta, deve haver uma coordenação entre a bexiga, que é um órgão muscular, capaz de se distender para acomodar a urina, e a musculatura que contrai a uretra, através do funcionamento do esfíncter uretral externo e os músculos do assoalho pélvico (eles funciona como uma porta, que se abre e se fecha para a saída do xixi). O esfíncter uretral externo e os músculos do assoalho pélvico são a parte desse sistema que somos capazes de controlar de forma voluntária. Então, enquanto o músculo da bexiga relaxa, automaticamente o esfíncter externo se contrai, nos dando a capacidade de armazenar a urina, neste momento a porta está fechada. Quando vamos urinar esse processo se inverte, a "porta" se abre, com relaxamento do esfíncter externo, e o músculo da bexiga, chamado detrusor, se contrai expulsando toda a urina para fora. Esse movimento deve ser coordenado, quando há incoordenação entre eles, há o que chamamos de disfunção miccional.



Na fase de armazenamento pode ocorrer hiperatividade do músculo da bexiga, com múltiplas contrações no momento em que a bexiga deveria estar relaxada para poder encher. Neste caso a criança irá sentir uma vontade muito intensa de urinar, chamada de urgência miccional. Durante estas contrações o esfíncter uretral poderá se contrair junto, o que leva a uma dificuldade no esvaziamento da urina, com jato fraco urinário fraco e lento, ou o esfíncter poderá relaxar involuntariamente com perdas urinárias, o que é chamado de urge-incontinência. 
Em contrapartida, o músculo detrusor pode ser hipoativo, o que se conhecia como bexiga preguiçosa. Nestes casos a bexiga tem uma capacidade de armazenamento muito grande e pouca força contrátil. A criança fica longos períodos sem urinar, por não sentir vontade, e quando vai urinar lança mão de manobras que aumentem a pressão abdominal para conseguir eliminar a urina.

Na fase de eliminação da urina podemos ter o chamamos de micção disfuncional, quando ocorre contração simultânea da bexiga e do esfíncter externo, ou seja, a bexiga contrai mas a "porta" não abre, isso leva ao aumento da pressão dentro da bexiga, o que é potencialmente lesivo para o trato urinário superior, com chance de progressão para perda da função dos rins.



Há também a incontinência urinária do riso, quando ocorre perda urinária durante uma gargalhada, geralmente têm história de outros familiares com o mesmo sintoma.
Outra alteração é a frequência urinária diurna extraordinária, ocorre geralmente, em pré-escolares saudáveis que urinam muitas vezes ao longo do dia. Durante a noite este sintoma desaparece. 

Condições associadas: esses sintomas descritos acima podem vir acompanhados de complicações como constipação intestinal (Síndrome das eliminações), infecções urinárias, refluxo urinário, distúrbios de aprendizagem e do sono.

Para que possamos evitar problemas como estes, é importante que o desfralde seja bem sucedido e respeitando o tempo da criança, mas evitando também seu atraso em crianças que já tenham a maturidade necessária para este processo.
 Ao identificar sinais como demora para ir ao banheiro, constipação intestinal, frequência aumenta da urina, dor ao urinar, ou perdas urinárias, mesmo que seja pouco, molhando apenas a roupa íntima, converse com seu pediatra e veja a necessidade de acompanhamento especializado!





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